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Morreu Albert Uderzo, ilustrador da banda desenhada “Astérix”

Caracterizado como “um monstro sagrado dos desenhos animados” pelo Le Monde, o coautor de “Astérix” morreu aos 92 anos.

O ilustrador francês Albert Uderzo morreu esta terça-feira, vítima de um ataque cardíaco. Segundo o Observador, a informação foi dada à Agência France Press por familiares. “Morreu enquanto dormia na sua casa em Neuilly”, afirmou Bernard de Choisy, o genro.

O talento para as artes gráficas de Uderzo demonstrou-se logo quando este frequentava o jardim de infância. O dom para a ilustração continuou a ser visível na vida do autor e, após diversos trabalhos publicados, conheceu René Goscinny, escritor e argumentista. Foi com Goscinny que Uderzo criou Astérix, em 1959. 

A série de histórias em banda desenhada baseia-se no povo gaulês, que consegue travar a conquista pelos romanos com a poção mágica que o druida Panoramix prepara. As primeiras publicações surgiram na revista Pilote e, dois anos depois, em 1961, foi lançado o primeiro álbum – “Astérix, o Gaulês”. Numa entrevista dada ao Jornal de Notícias, em 2009, Albert Uderzo afirmou que, tanto ele como René Goscinny, quiseram preservar valores como a “defesa da sua aldeia, as amizades e os prazeres simples” na série. No entanto, realça a importância de um “ingrediente suplementar: o riso”.

Albert Uderzo e René Goscinny, em 1970. Fotografia retirada da AFP.

Os álbuns começaram a ser publicados anualmente, tendo feito um sucesso inquestionável. O nono álbum, intitulado “Astérix e os Normandos”, foi lançado em 1966 e, segundo o Observador, vendeu mais de um milhão de exemplares.

O companheiro de Alberto morreu em 1977, aos 51 anos, também ele vítima de ataque cardíaco. Desde então, Uderzo começou a escrever o enredo dos álbuns da banda desenhada. Em “A Odisseia de Astérix”, publicado em 1981, desenhou uma das personagens à semelhança de René, como forma de o homenagear.

Aos 84 anos, o ilustrador deixou de trabalhar em Astérix. Foi no ano de 2011 que passou a série para as mãos do argumentista Jean-Yves Ferri e do ilustrador Didier Conrad. Na altura, afirmou ter fortes dores nas mãos e pousou a pena, segundo o jornal Público.

As aventuras de Astérix e do seu companheiro, Obélix, serviram de inspiração para diversos filmes. A banda desenhada está traduzida em mais de 107 línguas e dialetos. Mais de 60 anos após a sua criação, a série é uma das mais populares em todo o mundo.

Em 2009, quando questionado sobre a existência de Astérix depois de Uderzo, afirmou ao Jornal de Notícias que “já houve um Astérix depois de Goscinny e espero que haja um depois de mim”. Imagina a personagem na esperança de que “continue a divertir milhões em todo o mundo”.

Fotografia de destaque retirada do Jornal de Notícias

Sara Carrulo
Estudante da Licenciatura em Jornalismo e Comunicação, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.