Artem

Manifesto em defesa da cultura entregue com quase 250 assinaturas

Um grupo de artistas, escritores, músicos e outros agentes culturais entrega, hoje, aos órgãos de soberania um manifesto em defesa de um lugar prioritário para a cultura na sociedade.

“A cultura na resposta à crise”, iniciativa da escritora Ana Filomena Amaral, lançada a 22 de abril, contou com o apoio de variadíssimos artistas. Alice Vieira, Carlos Seixas, Joana Bértholo, Mário Zambujal, Maria João Luís, André Gago e Joacine Moreira são alguns dos nomes que subscrevem o manifesto, que reuniu 243 assinaturas em pouco mais de uma semana.

Além de músicos, pintores, atores, escritores, bailarinos e artistas de circo, também muitos outros intervenientes na atividade artística, como encenadores, curadores, coreógrafos, programadores e gestores culturais se juntaram à causa.

Até domingo, o manifesto esteve aberto a quem quisesse assiná-lo e, esta segunda-feira, será enviado por e-mail aos Presidentes da República e da Assembleia da República, aos grupos parlamentares e à ministra da Cultura, explica Ana Filomena Amaral.

“O objetivo fundamental é que, no cenário pós-pandemia, a cultura não seja esquecida e que a tratem como prioritária, em paralelo com as outras áreas da sociedade”, disse à Lusa.

O manifesto questiona como é que os portugueses ocupam o tempo durante o confinamento, para de seguida responder que são o cinema, a literatura, a música, o teatro, a dança, o circo, as artes plásticas e outras expressões culturais que “assumem um papel insubstituível no dia-a-dia das pessoas”.

Os artistas que assinaram o manifesto deixaram algumas palavras que marcam publicamente “o papel fundamental que cabe – deve caber – às diferentes formas de arte e cultura na resposta à crise”.

A escritora Alice Vieira recorda as palavras de Churchill, na Segunda Guerra Mundial, quando lhe propuseram cortar o financiamento da cultura, para contribuir para o esforço de guerra: “Se cortássemos na cultura, então por que é que estaríamos a lutar?”.

O poeta e ensaísta Nuno Júdice escreve: “E talvez, quando sairmos disto, possamos sair com as respostas que nos foram dadas pelo que lemos, pelo que ouvimos, pelo que vimos num poema, num romance, num plano de filme, numa réplica teatral, numa canção ou numa peça musical. Se for isso que levarmos para a liberdade plena, quando ela surgir, não teremos perdido tudo neste isolamento”.

Fotografia de destaque retirada de Pixabay

Francisca Lobato
Estudante de Jornalismo e Comunicação, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.