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Avignon e Cannes: cancelamentos e dúvidas na cultura

O festival de Avignon, considerado o mais famoso evento teatral do mundo, foi cancelado devido à COVID-19. Festival de Cannes está em risco de não acontecer.

A medida foi tomada após o Presidente francês Emmanuel Macron anunciar que “os grandes festivais e eventos com grande número de público não se poderão realizar pelo menos até meados de Julho”. Com esta informação, a organização que tentava manter o evento, decidiu cancelar a 74.ª edição do festival.

“Não estão reunidas as condições para que decorra a 74.ª edição” do festival, reitera Olivier Py, diretor do festival, em comunicado.  Oliver Py acrescentou ainda que a organização do evento esperava que o festival pudesse acontecer, mas com a situação atual o dever passa a ser o de preservar e planear o futuro do evento.

Esta é segunda vez na história que o Festival de Avignon é cancelado. A primeira foi em 2003, quando os trabalhadores intermitentes (os artistas, técnicos e programadores que trabalham no sector cultural) estavam em plena guerra laboral com o governo francês.

Neste cenário, levantam-se também dúvidas sobre a realização do mais importante festival de cinema do mundo, em Cannes. A organização tinha já estabelecido um adiamento para que ocorresse entre finais de Junho e inícios de Julho. O evento reúne anualmente cerca de 40 mil profissionais, entre críticos, jornalistas, produtores, realizadores e atores, e recebe cerca de 200 mil espectadores.

A organização do Festival de Cannes já garantiu que uma edição online do evento está fora de questão. Em entrevista à revista Variety,  o diretor do festival, Thierry Frémaux, considerou que este seria “um modelo que não funcionaria” devido à “alma, história e eficiência” de Cannes.

A revista especializada Hollywood Reporter escreve que “a indústria internacional está já a trabalhar sob o pressuposto de que Cannes será cancelado este ano” e que várias produtoras e muitos agentes de vendas estão a ponderar um “mercado virtual alternativo” para os negócios que gravitam à volta do festival.

As medidas anunciadas por Emmanuel Macron afetarão outros festivais iminentes, como o Eurockéennes ou as Francofolies no início de Julho, e poderão também condicionar eventos de forte pendor internacional.

Fotografia de destaque retirada de CGNT

Ariana Araujo
Estudante de Jornalismo e Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra