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As críticas que levaram à suspensão do projeto TV Fest

Projeto criado pelo governo ia contar com 160 músicos de variados estilos musicais e respetivas equipas técnicas. O orçamento seria de um milhão de euros, assegurados pelo Estado. Ministra da Cultura vai repensar a iniciativa.

Com início previsto para o dia 9 de abril, o projeto TV Fest foi alvo de uma petição online, que conta já com mais de 18 mil assinaturas. Face às críticas que o projeto sofreu, a Ministra da Cultura, Graça Fonseca decidiu cancelar o projeto que tinha como objetivo “apoiar o setor da música e os respetivos técnicos”.  A ministra afirmou ainda que estavam já gravados quatro programas e que “suspender o projeto para repensar não significa não retribuir aos 12 músicos que já trabalharam”.

Segundo a programação do festival TV Fest, em cada programa atuariam quatro músicos. Marisa Liz, Rita Guerra, Fernando Tordo e Ricardo Ribeiro seriam os primeiros convidados, num formato apresentado por Júlio Isidro. A ideia seria que os primeiros quatro músicos convidassem mais quatro intérpretes para o programa seguinte.

Petição e críticas contra a iniciativa

Segundo a Lusa, a ideia começou com um grupo de amigos, composto maioritariamente por “pessoas ligadas ao setor Cultural, de vários pontos do país e sem ligações partidárias” e que partilhavam, entre si, a “perplexidade” perante a iniciativa.

A revolta ganhou contornos maiores nas redes sociais onde vários músicos, atores e outras figuras ligadas à cultura se mostraram indignados perante a iniciativa. Desta forma, surgiu a necessidade de criar “um documento que servisse de porta-voz, para quem quisesse assinar”.

Em menos de 24 horas, a petição já reunia mais de 18.600 mil assinaturas, tornando-se assim “num coro” a uma só voz. O programador e produtor cultural, Gui Garrido salienta que o grupo “não estava à espera” de um número tão grande de assinaturas “com a velocidade que foi”.

Gui Garrido – Programador e produtor cultural
Fotografia retirada da Comunidade Cultura e Arte

Na petição pode ler-se que “a realização do TV Fest, no presente estado de emergência, constitui uma ameaça ao ecossistema cultural português que elimina curadores, diretores artísticos, músicos, técnicos e os demais, operando através de um jogo em corrente exclusivo, e de círculo fechado, aos seus participantes artísticos, que desclassifica a participação, representatividade e diversidade de um sector, constituindo uma medida antidemocrática e não inclusiva”. Reforça-se, ainda, que o Ministério da Cultura “não pode, em qualquer instância, criar um festival de música portuguesa, para apoiar músicos e técnicos”, pois “não cabe ao Estado criar eventos de cultura”.

Na raiz do problema está a alegada parcialidade, injustiça e falta de transparência na escolha dos artistas.

Fotografia de destaque retirada do site: a televisão

João Costa e Silva
Estudante da licenciatura em Jornalismo e Comunicação.