
Rui Pinto é libertado e vai colaborar com a justiça portuguesa
Medidas de coação alteradas após o hacker ter declarado que vai colaborar com a justiça. Rui Pinto pode receber visitas dos pais, parentes próximos ou da namorada, desde que seja garantido que não são portadores de dispositivos que permitam acesso à internet.
Em prisão preventiva desde 22 de março, Rui Pinto, criador do Football Leaks e autor das revelações do caso Luanda Leaks, foi colocado em prisão domiciliária numa das habitações disponibilizadas pela PJ. Segundo o Público, uma das condições passa pela revelação das passwords dos dez discos rígidos que, devido ao sistema de encriptação avançado, nenhuma autoridade europeia conseguiu explorar. Segundo a Polícia Judiciária, é provável que estes dispositivos guardem informações relevantes para a investigação.
Segundo a Juíza de Instrução Criminal (JIC), a atitude de Rui Pinto mudou. Cláudia Pina reforça que o perigo de fuga de Rui Pinto é suficientemente assegurado com a prisão domiciliária. Por outro lado, é mencionada na decisão uma alteração na postura de Rui Pinto que, para a juíza de instrução, apresenta agora “um sentido crítico e disponibilidade para colaborar com a Justiça”.
De acordo com o despacho elaborado pela JIC, a PJ “possui os meios necessários para garantir que o arguido não persiste na atividade criminosa nem possui meios de destruição de provas, garantindo que o mesmo se encontra alojado em local sob o seu controlo, sem acesso à internet”.
Em comunicado enviado à Lusa na quarta-feira, os advogados de Rui Pinto mostraram-se satisfeitos com a alteração da medida de coação. “A defesa de Rui Pinto congratula-se com esta decisão, e confia que outros passos serão dados no sentido da total liberdade do seu constituinte, cujas revelações já muito contribuíram para o combate à grande criminalidade, nomeadamente no âmbito do crime económico”, salientam os advogados William Bourdon, Francisco Teixeira da Mota e Luísa Teixeira da Mota.
Em setembro de 2019, o Ministério Público (MP) acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.
Fotografia de destaque retirada do jornal o Jogo