
OMS estuda relação entre Covid-19 e reação inflamatória em crianças
Pelo menos cinco países diferentes já registraram doença rara e muito perigosa no organismo de crianças. Médicos especulam se essa infecção está relacionada a uma reação causada pelo novo coronavírus.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a investigar se a Síndrome do Choque Tóxico que tem acometido algumas crianças em diferentes países é uma reação tardia da Covid-19. Alguns casos da doença rara já foram confirmados no Reino Unido, Itália, Suíça, Espanha e, potencialmente, Estados Unidos. Em Portugal, há um caso suspeito, como confirmou hoje a Directora-Geral da Saúde, Graça Freitas, em uma conferência de imprensa.
Ainda não se sabe exatamente qual doença pode estar afetando a criança que está em análise em Portugal. Segundo Graça Freitas, o quadro clínico apresentado pela criança é “pelo menos parecido com aqueles que têm sido descritos na literatura médica”, mas os especialistas ainda não sabem confirmar se o paciente sofre da Síndrome de Choque Tóxico ou da Doença de Kawasaki. Em Genebra, na Suíça, já existem três casos confirmados.
Adam Finn, perito da OMS Europa em vacinação infantil e líder do Centro de Vacinação Infantil de Bristol, na Inglaterra, disse que ainda é cedo para confirmar se, de fato, há relação entre a infecção rara e o novo coronavírus. “Sabemos desta nova síndrome em vários países da Europa e, potencialmente, de alguns poucos casos na América do Norte. Nesta altura, é uma síndrome pouco definida, estamos a estudá-la no Reino Unido para percebermos o que se passa”, comentou Finn em uma videoconferência de imprensa nesta quinta-feira.
O perito da OMS afirmou que já existem cerca de 20 casos confirmados em Londres. Adam Finn também disse que só metade das crianças testou positivo para o coronavírus, o que os impede de afirmar, com certeza, uma relação entre as doenças, mas completou dizendo: “existe a especulação de que pode ser uma complicação tardia à infecção [da Covid-19]. Mas tudo isto é uma especulação. O tamanho e a natureza exacta deste problema está a começar a emergir e julgo que saberemos muito mais nos próximos dias e semanas”.
A coordenadora das Emergências de Saúde da OMS Europa, Dorit Nitzan, reforçou a ideia de Adam Finn e afirmou que estudos sobre uma possível correlação entre as doenças já estão sendo realizados e os resultados serão divulgados o mais rápido possível. Finn finalizou dizendo: “Sabemos que esta é uma situação muito preocupante para os países, como é para nós pediatras. Precisamos de informação urgentemente e vamos partilhá-la mal a tenhamos”.
Fotografia de destaque retirada do banco de imagens Pixabay