
O mundo das artes em tempo de pandemia
O novo coronavírus afetou a economia da cultura, deixando vários artistas em situação financeira precária, limitados à transmissão de espetáculos por via digital. Músicos tocam em streaming, humoristas fazem-nos rir no Instagram, atores representam para uma plateia virtual. O problema é que os artistas não estão a ser pagos por estas iniciativas, há que pensar como se podem rentabilizar estas atividades.
O ator André Gago juntou um grupo de voluntários e criou a “Teia 19”. É uma nova plataforma que pretende reunir os artistas que viram os seus projetos cancelados e querem continuar a produzir o seu trabalho online, apelando aos donativos do público no sentido de minimizar a ausência de rendimentos dos artistas devido à pandemia da Covid-19.
“Isto preocupa-nos porque na cultura predomina uma economia informal, muitas vezes sem contratos de trabalho, em que as pessoas estão muito desprotegidas num momento de crise como este, e sabemos que a maioria do público não se apercebe disto”, explica André Gago.
O ator garante que já tem uma série de propostas de bandas, artistas plásticos e pessoas do teatro. A primeira iniciativa realiza-se a 7 de abril; consiste num recital que faz parte da iniciativa mensal “As primas terças” e vai incidir sobre os poetas de Amália.
Até ao momento, a única forma de aceder à “Teia 19” é através do Facebook, embora os artistas à medida que forem aderindo também vão colocando a respetiva ligação nas suas redes sociais.
“Portugal Entra em Cena” é outra plataforma que pretende pôr em contacto uma série de empresas e entidades, que estão dispostas a investir na cultura e nos artistas que estejam interessados em trabalhar com essas companhias. O movimento não tem líder, mas tem dezenas de entidades numa colaboração inédita, desde bancos a teatros, de fundações a operadores de comunicação.
O projeto, segundo informação disponível no seu site oficial, é “um movimento nacional, materializado em plataforma digital, onde artistas podem lançar ideias e recolher investimento para a sua fase de conceção e desenvolvimento, e onde empresas e entidades, públicas e privadas, podem lançar desafios e receber propostas artísticas, escolhendo as que pretendem remunerar”.
No total, a plataforma garante neste momento um investimento de mais de um milhão de euros, em projetos que não poderão ultrapassar, cada um, os 20 mil euros.
A Fundação Calouste Gulbenkian tinha já anunciado a criação de um fundo de emergência, com um total de cinco milhões de euros a repartir pelas áreas de saúde, ciência, sociedade civil, educação e cultura. Abriram ontem as candidaturas para os apoios na área da cultura e que, no total, poderão ir até um milhão de euros. De acordo com o regulamento, será dado um apoio financeiro até 2500 euros para artistas, profissionais e técnicos a título individual e até 20 mil euros para estruturas de produção artística.
Fotografia de destaque retirada da Global Imagens