
Greve Climática cancelada em Portugal devido ao novo coronavírus
Ativistas responsáveis pelo movimento no país cancelaram as greves a fim de proteger os manifestantes contra o Covid-19.
A organização Greve Climática Estudantil (GCE), grupo português de jovens estudantes responsável pelo movimento a favor de resoluções para a crise climática atual, anunciou nesta quarta-feira, dia 11 de março, o cancelamento das próximas manifestações. Mais de 20 localidades em Portugal estavam confirmadas para aderir à greve da próxima sexta-feira, dia 13 de março, mas os ativistas recuaram devido ao surto de coronavírus.
O anúncio oficial foi feito por meio de uma publicação na página do Facebook da GCE: “No contexto dos últimos acontecimentos relacionados ao novo coronavírus, e a saber de nossa responsabilidade social para com a saúde pública, informamos que as manifestações marcadas para a próxima sexta-feira (13) não serão realizadas. Ouvimos a ciência e os especialistas e, apesar de sabermos que os jovens são os menos afetados por este vírus, reconhecemos a importância de agirmos em solidariedade com aqueles que são mais vulneráveis”.
A organização afirma ainda: “continuamos a agir, adaptando-nos às circunstâncias que assim o exigem’’. Apesar de todo o movimento ter sido cancelado presencialmente nas ruas de Portugal, a GCE ainda convida os manifestantes a ficarem atentos para as ações que serão tomadas.
A ativista Greta Thunberg, fundadora do movimento Fridays for Future (School strike for climate) ao qual a GCE é associada, também publicou em suas redes sociais a preocupação com as aglomerações e a consequente vulnerabilidade dos manifestantes em relação ao coronavírus: “Nós, os mais jovens, somos menos afetados pelo vírus, mas é essencial que ajamos com solidariedade em relação aos mais vulneráveis e façamos o melhor para os interesses da nossa sociedade”, escreveu. A ativista não deixou de sugerir, entretanto, que as manifestações fossem substituídas por um protesto online, por meio de publicações com as hashtags #DigitalStrike e #ClimateStrikeOnline.

Chamou atenção também à linha comparativa que, tanto Greta Thunberg, quanto a organização GCE fizeram entre a crise climática e a atual pandemia do coronavírus. A ativista afirmou que a situação ecológica e climática atual é a maior crise que a humanidade já encarou, mas que, no momento, seria preciso encontrar novas formas de lutar e alertar, referindo-se ao Covid-19.
Já a declaração da GCE foi mais incisiva. Sem tirar a importância dos cuidados e ações que devem ser tomadas para evitar o crescente alastramento do novo vírus, a organização provocou ao questionar: “Mas e se tratássemos a crise climática como tratamos o coronavírus?”. Outras questões também foram postas em comparação, como a quantidade de informação que a população recebe sobre o desenvolvimento da pandemia, enquanto as catástrofes climáticas e ecológicas mundo afora dificilmente têm tanto espaço na mídia: “E se, constantemente, estivéssemos a receber notícias ao minuto das catástrofes que se continuam a desenrolar de uma ponta à outra do mundo?”. Também falou-se, na publicação, sobre a diferença das políticas governamentais para ambas as crises.
O fechamento da publicação na página da GCE deixa a entender que, para os ativistas, o que hoje a sociedade está vivendo perante o surto do Covid-19 é somente uma “amostra do que será a crise climática se baixarmos os braços”. Segundo a organização, a crise do coronavírus é mais fácil de ser encarada como uma crise justamente por sua proximidade imediata, global e real à população, enquanto a crise climática é encarada como algo distante tanto em tempo quanto em geografia. Até a publicação desta matéria, a organização Greve Climática Estudantil não havia divulgado nova data para as manifestações.
Fotografia de destaque retirada do banco de imagens Pixabay