
A insólita angariação de fundos dirigida à Ministra da Cultura
Um grupo de profissionais das artes está a tentar reunir 219 euros para entregar à ministra Graça Fonseca, uma alegada referência ao valor máximo do apoio a trabalhadores independentes devido à redução de atividade.
Não deixemos a Graça cair na desgraça é uma iniciativa que está a decorrer na plataforma GoGetFunding. No texto de apresentação da campanha pode ler-se a seguinte mensagem:
“Preocupados com a situação actual da sra. ministra Graça Fonseca, unimos forças e apelamos a que juntem a vossa solidariedade e contribuam para a reunião de 219 euros a entregar em mão à sra. ministra no dia 25 de Maio, no Palácio da Ajuda”.
Os promotores da iniciativa optaram pelo anonimato, explicando que pretendem angariar “o valor máximo de referência atribuído em Março a alguém da cultura ou das artes pelo Ministério do Trabalho”. Nos últimos dias, Graça Fonseca tem sido acusada de remeter a solução de vários assuntos que dizem respeito à cultura para a pasta da Ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho.
“Por favor juntem-se em grupos de 10, o nosso objectivo era que fosse um contributo de 10 cêntimos apenas, mas as plataformas de colecta não o permitem”, é um dos apelos feito pelos promotores da iniciativa. Além do dinheiro, o grupo irá também entregar a Graça Fonseca um cabaz de ajuda alimentar, visto esta ser uma das formas através das quais os profissionais do sector se têm “ajudado uns aos outros”. Até às 15h desta quinta-feira, já tinham sido reunidos 93 euros.
Devido à pandemia provocada pela Covid-19, os espaços de lazer cultural começaram a encerrar e a adiar ou cancelar espectáculos. A pouco e pouco, a rodagem de filmes, séries e outros programas de televisão foi suspensa e os museus, as galerias, os cinemas e as salas de espectáculos fecharam, deixando milhares de pessoas deste setor sem trabalho.
A crise no setor da Cultura já levou à criação de pelo menos dois grupos de ajuda alimentar, que começaram por Lisboa, mas nas últimas semanas ganharam núcleos no resto do país, e não sabem até quando terão de funcionar.
Fotografia de destaque retirada do Diário de Notícias